O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, criticou nesta segunda-feira (24) a decisão do Carrefour de suspender a compra de carnes de países do Mercosul, considerando-a um ato de “protecionismo desproporcional” da França. Ele manifestou apoio ao boicote dos frigoríficos brasileiros à rede, que inclui Carrefour, Atacadão e Sam’s Club.
Fávaro afirmou que o Brasil possui uma agricultura de larga escala e segurança no fornecimento. “A reação é desproporcional. Todos os outros países da comunidade europeia já compreenderam a situação e são favoráveis ao acordo”, declarou em entrevista à Globonews. A decisão do Carrefour de parar de vender carne sul-americana em solidariedade aos agricultores franceses, contrários ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, provocou a suspensão do fornecimento de carnes por frigoríficos brasileiros.
“Se para o povo francês o Carrefour não serve comprar carne brasileira, que o Carrefour também não compre carne brasileira para colocar nas suas gôndolas aqui no Brasil”, enfatizou o ministro, que acredita que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia está próximo de ser fechado.
Em nota, o Carrefour Brasil confirmou a suspensão do fornecimento de carnes pela indústria brasileira, mas negou que haja desabastecimento em suas lojas. A empresa lamentou a situação e reafirmou seu compromisso com o agro brasileiro, informando que está em diálogo com os fornecedores para a retomada do abastecimento.
O tratado de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, que está em negociação há anos, enfrenta resistência de produtores rurais franceses preocupados com a concorrência e riscos ambientais. As exigências ambientais da UE são um dos principais obstáculos para o acordo.
O anúncio de que as carnes importadas do Mercosul seriam retiradas das prateleiras da rede na França foi feito no dia 20 de novembro pelo CEO do Carrefour, Alexandre Bompard. Em carta ao presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas da França, Bompard expressou a preocupação com a indignação dos agricultores franceses em relação ao acordo e reafirmou o compromisso da rede em não comercializar carne proveniente do Mercosul.
A situação entre o Carrefour e os frigoríficos brasileiros levanta questões sobre o futuro das relações comerciais e a segurança alimentar, além de refletir as complexas dinâmicas políticas e econômicas em jogo nas negociações internacionais. O apoio do ministro Fávaro ao boicote dos frigoríficos poderá intensificar ainda mais a crise e impactar o mercado de carnes no Brasil.