Pesquisadores da Ufes criam enxerto para humanos a partir de ossos de boi

 

 

 

Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) criaram um enxerto para humanos a partir de ossos de bois. O produto, de origem natural, promete ser mais acessível e melhorar o tratamento de quem perdeu algum dente ou quebrou algum osso no corpo, por exemplo.

A ideia toda começou enquanto os pesquisadores conversavam e perceberam que tinham algo em comum. Todos eles, em algum momento da vida, fraturaram os ossos e precisaram de enxerto.

“Passei por um acidente de motocicleta. Aí, a gente conversando sobre o tratamento, teve a ideia: ‘Vamos, então, começar a pesquisar um material de enxerto, um material que a gente consiga fazer com a técnica que nós trabalhamos?” A assim tudo começou”, contou Rodolpho Barros, veterinário e doutorando da Ufes que faz parte da pesquisa.

Os ossos de boi são doações que vêm de um frigorífico. Eles chegam no estado natural ao laboratório dos pesquisadores e passam por um processo de limpeza e desidratação. Depois, os cientistas separam a “cabeça do osso”, a parte que fica mais próxima da cartilagem, que é o material que vai se transformar no enxerto natural.

“Se a pessoa tem uma fratura que requer uso de enxerto ósseo, ou pessoas que têm perda de dente, poderão ser atendidas. São situações bem frequentes que necessitam de um material ósseo para preenchimento”, explicou Breno Nogueira, outro pesquisador da Ufes que faz parte do projeto.

Depois de separar a parte mais próxima da cartilagem, esse osso é banhado com uma substância chamada hidrogel, que é feita com o próprio osso. Por ter origem natural, ele tem vantagens em relação ao enxerto sintético, que é mais comum no mercado.

“Os produtos similares que existem no mercado são puramente minerais e são um enxerto para preencher espaço. O nosso, além de preencher o espaço que vai ser colocado, ele também vai acelerar a cicatrização”, afirmou Rodolpho.

O enxerto natural já está sendo usado na clínica odontológica da Ufes. Em tipos de perda óssea, a gengiva geralmente costuma ficar em tamanho menor. E é nesse lugar que o material é aplicado.

“Nesse momento, a gente usa um osso, um biomaterial, pra reconstruir esse osso, promover a regeneração, que vai permitir, então, a instalação de um implante para o paciente”, disse a professora da Ufes, Stefania Kano.

Além do custo mais baixo, o enxerto natural produzido na Ufes tem um resultado mais rápido para o processo de recuperação do paciente.

“É um material nacional. Então, em comparação com os importados que têm uma sólida evidência científica, ele promete estar disponível no mercado por um preço mais acessível. A gente consegue entregar um resultado para o paciente mais rápido e devolver para ele essa autoestima através da função da estética com a nova prótese dele”, explicou Stefania.

Esse material pode substituir qualquer tipo de perda óssea e em qualquer osso do corpo. Os pesquisadores ressaltam que trata-se de um produto fundamental em um país em que uma em cada dez pessoas uma já perdeu todos os dentes.

Agora, os pesquisadores querem devolver aos cidadãos o resultado de uma descoberta feita dentro da universidade pública.

“A gente trabalha não só para desenvolver ciência aqui, mas para devolver para a população como um todo, todo o investimento que é feito aqui dentro”, finalizou Rodolpho.

O enxerto natural desenvolvido na Ufes já foi patenteado e está em fase de certificação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.

 

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